por João Miguel Lima
Olhei as ruas no mapa, contei os quarteirões, vesti os casacos, chequei os ponteiros e coloquei um guarda-chuva na mochila, afinal, quando é inverno a gente tem de estar preparado. Na quinta-feira, 2 de agosto de 2012, eu estava em Buenos Aires, na hermana Argentina, prestes a conhecer a fanzinoteca e videoarteteca F.D.A.C.M.A.!
Encontrei a página da Fundación para la Difusión del Arte Contemporáneo en el Mercosur y Alrededores no Facebook e fiquei curioso para conhecer o acervo de fanzines e vídeos artísticos. Entrei em contato e troquei mensagens com Lino Divas, artista, fanzineiro e idealizador desse projeto, que começou em 2011. O acervo fica na Galeria de arte Meridion, na calle Chile, número 1331.
Fui muito bem recebido por uma artista brasileira, a Paula Borghi, que faz residência artística na galeria. De fora, a galeria parece uma loja fechada, com vitrine e grade. Por dentro, Paula me conduziu por uma enorme sala, reservada para exposições, apresentações e festas, e chegamos a uma outra sala cheia de enormes fotografias belíssimas por toda parte. Conversamos sobre zines e arte e projetos legais até que o Lino chegou.
Testamos a comunicação do Mercosul: eu em português, ele em espanhol – e ao final prometemos aprender o idioma do vizinho. Entreguei a ele alguns presentes em nome da Zineteca de Fortaleza (materiais do seminário Cabeças de Papel 3, e também uma edição do zine Pessoas Triscáveis, da Fernanda Meireles, e um “zine-objeto” meu, da frase no palitinho) e fui contando sobre nossas ideias e atividades, as pessoas, os seminários, o Zine-se, as oficinas e o acervo de caixas e mais caixas, além do nosso desejo de ter um espaço físico. Ele escutou ora intrigado, ora com um sorriso no rosto.
A F.D.A.C.M.A. está no começo e já tem uma identidade bem própria. Lino desenha, fazia fanzines com desenhos e resolveu começar um acervo com fanzines de artistas. Primeiro entre seus conhecidos na Argentina, e em seguida lançou convocatória por zines do Mercosul em listas virtuais. Com o apoio da dona da galeria, Lino guarda o acervo no local (e nos sugeriu o mesmo: que ocupássemos um espaço que já existe). Além dos fanzines, que ocupam duas caixas, ele também tem um acervo de vídeo-arte, salvo em CDs. Lino fica alguns momentos na galeria por semana, esperando visitantes e cuidando do acervo. Quem já sabe que o acervo existe ou quem o descobre, pode ir nesses horários ou marcar visita. E Lino também deu presentes bonitos (!!) para a Zineteca de Fortaleza: vários adesivos da F.D.A.C.M.A., exemplares de uma publicação de desenhos dele e um fanzine coletivo.
Depois de mais um papo legal, senti que era hora de ir. Agradeci por tudo, feliz da vida, e prometi enviar fanzines e novidades!